quarta-feira, 2 de novembro de 2016

CARNIFEX - SLOW DEATH (2016)



                   O CARNIFEX chega ao seu sexto álbum de estúdio em 11 anos de atividades (houve um pequeno hiato entre 2012 e 2013), e podemos afirmar aqui, sem medo de errar que o grupo entrega em SLOW DEATH, que sai por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, seu melhor e mais intenso trabalho. Praticando um Deathcore, mas sem se prender ás amarras do estilo, incorporando muita personalidade em suas composições, o quinteto norte-americano investe no peso e na agressividade de forma consistente, injetando uma dose extra de adrenalina á técnica apurada dos músicos que compõem o grupo.

               Formada por Scott Ian Lewis (vocal), Jordan Lockrey (guitarra), Cory Arford (guitarra), Fred Calderon (baixo) e Shawn Cameron (bateria), a banda foi formada em 2005 e possui uma base sólida de fãs no underground. E pra quem conhece o trabalho do grupo isso não é nenhuma surpresa. A brutalidade de salta aos ouvidos em cada faixa presente aqui é absurda. Usando a "modernidade" a seu favor, o grupo traz 10 faixas que fogem um pouco dos clichês do estilo, o que acaba sendo um diferencial num cenário que, podemos afirmar, encontra-se bastante saturado. SLOW DEATH foi produzido por Jason Suecof, enquanto a mixagem e masterização ficaram sob a responsabilidade de Mark Lewis. E esse trabalho em conjunto atingiu a perfeição, pois apesar do peso e "sujeira", os instrumentos estão nítidos, o que mostra que o estilo não precisa ser mal gravado ou desleixado para ficar com "cara" de underground. A capa foi feita pela Godmachine e o layout ficou por conta do brasileiro Marcelo Vasco (Slayer, Distraught, entre outros).

                  Uma introdução bem sombria dá início a Dark Heart Ceremony, uma faixa pesada, brutal e cheia de variações, o que já deixo provado que o grupo possui uma personalidade forte. Arrastada em alguns momentos, mas bem intensa e rápida em outros, a música tem na cozinha, composta por Fred Calderon e Shawn Cameron (baixo e bateria, respectivamente) seu destaque. As guitarras da dupla Jordan Lockrey e Cory Arford despejam doses generosas de peso em riffs cortantes. Já o vocalista Scott Ian Lewis sabe dosar perfeitamente sua voz, sem que soe forçado ou ago do tipo. Abertura perfeita! Mais porrada é o que temos na faixa título. Slow Death tem linhas que intercalam a hostilidade do hardcore com a agressividade do death metal, enquanto a bateria segue seu massacre nos bumbos. Aqui, ainda podemos citar os teclados que surgem de forma correta, não interferindo na brutalidade da faixa. Drown Me in Blood é uma faixa mais "tradicional", com certa influência do metal atual, praticado por algumas bandas americanas. E os vocais mais rasgados dão um clima mais violento á faixa, enquanto as guitarras trazem um peso absurdo ao andamento da composição. Pale Ghost tem um início meio "suspeito" (aqueles famosos "barulhinho" que causam repulsa aos fãs de heavy metal), mas que duram parcos segundos, enveredando por uma linha mais cadenciada e muito bem trabalhada e explorada pela banda. Black Candles Burning mantém o ritmo, com um belo trabalho de guitarras.

                Six Feet Closer To Hell é uma faixa típicamente deathcore, pois traz todas as características do estilo, mas que mantém uma certa proximidade com o Black Metal em algumas passagens. Isso devido ao clima bastante sombrio que acompanha o andamento da composição. Necrotoxic tem teclados ao fundo, o que cria um certo ar mais denso, o que vem a ser corroborado pelos riffs insanos que a dupla de guitarristas nos entrega. Impossível ficar inerte á capacidade criativa da banda que tem uma versatilidade poucas vezes vista dentro do estilo. Por falar em clima denso, a melancolia presente em Life Fades To A Funeral chega a ser bela e triste ao mesmo tempo (obviamente que ambas não precisam ser opostas). Aquela proximidade ao Black Metal surge novamente na violenta Countness Of The Crescent Moon. Novamente, os teclados se encarregam de criar uma atmosfera mais introspectiva em certos momentos, o que cria um interessante contraste devido ao peso descomunal que emana das guitarras. O encerramento vem com Servants To The Horde, uma faixa bem extrema, que ressalta as características do grupo e dá ao trabalho, um fechamento de alto nível.

                Indicado não apenas ao fãs do estilo, SLOW DEATH é indicado aos que apreciam um metal pesado, denso e muito bem elaborado. O CARNIFEX neste cd mostra que o grupo não precisa ser refém dos limites pré estabelecidos para se mostrar relevante. E faz isso com maestria. Um álbum que deverá constar em muitas listas de melhores do ano!





              Sergiomar Menezes

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