quinta-feira, 8 de outubro de 2015

HIGHER - HIGHER



                        A paixão pelo Heavy Metal, por mais que se diga o contrário, é algo que está no sangue. O tempo passa, os caminhos tomam outras direções, mas quando esse sentimento se mantém, cedo ou tarde ele volta a aflorar. Cezar Girardi e Gustavo Scaranelo são músicos profissionais. Bastante experientes e respeitados, principalmente nos meios do jazz e da música instrumental. Mas que nutrem essa paixão pelo metal. Em 1995, fundaram a banda Second Heaven, mas que foi desativada dois anos depois, sem deixar nenhum registro. Os músicos acabaram por seguir por outros caminhos, como dito anteriormente. Se tornaram reconhecidos em outros estilos, mas continuaram com aquele sentimento. E, após uma telefonema, resolveram se encontrar e formar uma nova banda. E que banda, meus amigos!

                        O HIGHER vem com a proposta de fazer Heavy Metal livre de pretensões comerciais e mercadológicas. E isso se revela quando ouvimos o auto-intitulado trabalho de estréia da banda. HIGHER (2014) traz um grupo envolvente em suas composições, onde é perceptível o grande talento dos músicos. Não apenas de Cezar Girardi (vocal) e Gustavo Scaranelo (guitarra), mas também do baixista chileno Andrés Zúñiga (baixo - ex-professor do EM&T e colunista da revista Bass Player) e de Pedro Rezende (bateria). Após a gravação, a banda recrutou o jovem Felipe Martins para a segunda guitarra. Produzido por Thiago Bianchi (Noturnall), o trabalho mostra uma banda que apesar de "nova", entrega a experiência de seus integrantes em grandes composições, belos arranjos e um capricho em todos os detalhes. A começar bela bela arte gráfica, que segundo Gustavo, se encaixa no conceito tanto das letras quando da ideologia dos integrantes do grupo. Fica difícil rotular o trabalho da banda, pois as características e personalidade impressas ao trabalho, deixam o grupo com uma cara própria. Prefiro chamar apenas de Heavy Metal.

                        O álbum (lançado de forma independente) inicia com a pesada Lie. Com riffs com aquela pegada heavy e um vocal caprichado, a faixa já nos mostra a versatilidade da banda, pois Cezar vai de uma linha mais pesada e raivosa até uma linha um pouco mais melódica e limpa, enquanto o baixo e a bateria se encarregam de despejar boas doses de peso. Um belo solo também se faz presente aqui. O baixo bem pesado de Andrés dita o ritmo de Illusion, onde as guitarras trafegam com tranquilidade em passagem ora pesadas, ora mais suaves. Uma faixa bem variada e com belos arranjos vocais. Keep Me High, tem um ótimo trabalho instrumental e Cesar se destaca, pois varia seu vocal na mesma forma que o grupo varia o andamento da canção, mostrando que a experiência pode e faz a diferença. A cozinha mantém o peso sem deixar o ritmo cair. Climb The Hill, tem seu início com um belo dedilhado, e mostra a técnica de seus integrantes, pois aqui, podemos perceber a influência dos outros estilos que os músicos dominam com perfeição. A quinta faixa, Like The Wind, é mais rápida e inicia com belos riffs. Um grande trabalho do baixista Andrés e uma linha que se volta um pouco ao prog metal permeiam a música.

                        Break The Wall é uma faixa que tem seu início um tanto quanto introspectiva, mas que mostra uma balada bem estruturada e um solo bem melódico. Time to Change traz o peso de volta, com mudanças de andamento e riffs bastante pesados. Vocais bem variados aliados a backing vocals bem encaixados, tornam a faixa mais envolvente. As influências jazzísticas da banda se misturam ao peso e modernidade e ditam o ritmo de Make it Worth. Aqui cabe um destaque ao batera Pedro Rezende, que imprime em sua bateria peso sem esquecer da técnica, com viradas e quebradas que mostram a complexidade da música do Higher, sem se tornar cansativa. Com uma pegada mais power, The Sign encerra o trabalho a forma como iniciou. Cheia de garra e feeling onde a paixão pelo heavy metal flui e nos entrega uma composição pesada, rápida e variada. Um belo encerramento.

                       Em seu trabalho de estréia, o HIGHER mostra que quando o sentimento fala mais alto, a música que ele nos entrega vem do coração. Se o grupo diz não ter pretensões comerciais com o trabalho, ele está certo. O que temos visto no mercado não é digno de figurar ao lado deste trabalho. Que essa faceta "anti-mercado" se mantenha e a banda siga nos proporcionando álbuns com qualidade ímpar como esse. O HEAVY METAL agradece!


                       

Sergiomar Menezes

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